O engenheiro e fundador da EBS – Empresa Brasileira de Saneamento, Odair Jose Mannrich, destaca que o reaproveitamento de efluentes tratados para uso industrial tem se consolidado como uma estratégia eficiente para preservar recursos hídricos e reduzir custos operacionais. Ao substituir a captação de água potável por água de reúso em determinados processos, empresas contribuem para a sustentabilidade e para a segurança hídrica das regiões onde atuam. Essa prática, cada vez mais difundida, alia inovação tecnológica e gestão ambiental responsável, respondendo à necessidade global de otimização no uso da água.
A escassez hídrica, somada ao aumento da demanda por água decorrente do crescimento populacional e industrial, tem pressionado mananciais e exigido novas soluções de gestão. Nesse cenário, a reutilização de efluentes tratados surge como alternativa estratégica, permitindo que setores de alto consumo, como mineração, siderurgia, papel e celulose, alimentício e químico, mantenham suas operações sem comprometer o abastecimento público e a preservação de ecossistemas. Essa mudança de paradigma é impulsionada tanto pela inovação tecnológica quanto por políticas de incentivo e regulamentações ambientais mais rigorosas.
Tecnologias de tratamento para reúso industrial
O processo de reaproveitamento de efluentes começa com a aplicação de tecnologias avançadas de tratamento, como ultrafiltração, osmose reversa e desinfecção por radiação ultravioleta. Essas técnicas permitem remover sólidos suspensos, microrganismos e contaminantes químicos, garantindo que a água atenda aos padrões de qualidade exigidos para cada aplicação industrial. Em determinados casos, etapas adicionais de polimento são necessárias para adequar a água a processos mais sensíveis, como refrigeração de equipamentos de alta precisão e alimentação de caldeiras.
Segundo Odair Jose Mannrich, a seleção do método de tratamento ideal depende de fatores como a origem do efluente, a composição química inicial, o nível de pureza requerido e a finalidade do reúso. Tecnologias híbridas, que combinam diferentes etapas de tratamento, têm ganhado destaque por oferecerem maior flexibilidade e eficiência no atendimento a diversas demandas.
Aplicações e vantagens do reúso de efluentes
O uso de água de reúso é comum em sistemas de resfriamento, lavagem de equipamentos, irrigação de áreas verdes industriais e na fabricação de produtos nos quais não há contato direto com o consumidor final. Essa prática reduz significativamente a pressão sobre fontes de água doce, liberando maior volume para o abastecimento humano e para a preservação ambiental.

Odair Jose Mannrich observa que, além dos ganhos ambientais, o reúso de efluentes tratados proporciona economia considerável com tarifas de captação e descarte. Empresas que adotam essa solução também fortalecem sua imagem institucional, alinhando-se às expectativas de investidores, clientes e órgãos reguladores que priorizam práticas empresariais sustentáveis.
Contribuição para a redução da poluição
O reaproveitamento de efluentes tratados não apenas poupa recursos hídricos, mas também contribui para reduzir a carga poluidora lançada em corpos d’água. Ao reinserir a água no ciclo produtivo, diminui-se o volume de descarte e, consequentemente, o impacto sobre rios, lagos e áreas costeiras. Essa redução é especialmente relevante em regiões onde a capacidade de assimilação dos corpos receptores já está comprometida ou onde há alta concentração de atividades industriais.
Para Odair Jose Mannrich, integrar o reúso de efluentes às estratégias de gestão hídrica é uma medida que também ajuda as empresas a atenderem normas ambientais mais exigentes. Além disso, abre espaço para inovação na engenharia de processos, permitindo o desenvolvimento de sistemas produtivos mais eficientes e menos dependentes de recursos naturais escassos.
Desafios e perspectivas para expansão
Apesar de suas vantagens, a implementação do reúso industrial enfrenta barreiras como o investimento inicial elevado, a necessidade de mão de obra qualificada para operação e manutenção dos sistemas, e a resistência cultural de alguns setores. A superação desses desafios passa por incentivos governamentais, políticas públicas que estimulem a prática e campanhas de conscientização que desmistifiquem o uso de água de reúso.
Odair Jose Mannrich aponta que, com o avanço das tecnologias de tratamento e a ampliação de programas de certificação ambiental, a tendência é que o reúso se torne prática comum em setores industriais de diferentes portes. A busca por maior resiliência hídrica, combinada à pressão por metas de sustentabilidade, deve consolidar essa solução como um dos pilares da economia circular, contribuindo para um modelo de desenvolvimento mais equilibrado e responsável.
Autor: Tuvok Nilo Saturn