Nos últimos anos, um fenômeno está se tornando cada vez mais comum no mercado: o shrinkflaion. O especialista Francisco Gonçalves Perez explica que se trata de uma prática adotada por muitas empresas, que consiste em diminuir a quantidade de um produto enquanto mantém o preço inalterado. Embora o conceito seja simples, o impacto no bolso do consumidor é grande, já que os valores pagos permanecem os mesmos, mas a quantidade dos produtos vai diminuindo progressivamente.
Esse ajuste disfarçado ocorre como uma estratégia para manter margens de lucro em tempos de inflação sem causar revolta imediata nos consumidores. Quando vamos ao mercado e percebemos que algo está estranho, como quando as barras de chocolate diminuem as gramas ou os pacotes de salgadinhos estão cada vez mais vazios, é um reflexo direto do fenômeno da shrinkflation.
Exemplos de produtos que enfrentaram shrinkflation no mercado
Entre os produtos que mais sofreram com a shrinkflation nos últimos anos estão os chocolates. Muitas marcas de renome têm reduzido gradativamente o peso das barras, sem que o preço na embalagem acompanhe essa redução. Um exemplo notório é o chocolate ao leite, que, até pouco tempo, pesava 170g, mas já foi reduzido para 150g ou até menos, sem que os consumidores percebam de imediato. Ao olhar o preço, parece que nada mudou, mas ao abrir a embalagem, a surpresa está ali: menos produto pelo mesmo valor.
Pacotes de snacks populares, por exemplo, antes de 150g ou 200g, agora muitas vezes possuem 120g ou 140g, mantendo o preço anterior, o que implica em um aumento do preço por unidade de peso. O mesmo acontece com cereais matinais e outros produtos alimentícios que vêm apresentando reduções discretas de peso nas embalagens, mas que, ao longo do tempo, impactam diretamente o consumo, conforme explica Francisco Gonçalves Peres.

Por que as empresas optam por essa estratégia e como ela afeta o consumidor?
O objetivo principal das empresas ao adotar a shrinkflation é manter seus lucros em meio a um cenário de aumento de custos de produção, como matéria-prima, transporte e mão de obra. Ao reduzir a quantidade de produto na embalagem, as empresas conseguem minimizar o impacto de custos elevados sem alterar o preço de venda de forma ostensiva. Esse é um movimento de marketing que os consumidores geralmente não percebem de imediato.
No entanto, a longo prazo, esse ajuste tem efeitos negativos na confiança do consumidor. De acordo com Francisco Gonçalves Perez, embora não seja algo tão visível quanto um aumento de preço direto, a prática gera uma sensação de frustração, pois os clientes começam a perceber que estão pagando o mesmo valor por menos produto. Essa perda de valor percebido pode resultar na migração para marcas concorrentes.
Como lidar com a shrinkflation e o que o consumidor pode fazer?
Uma das maneiras de enfrentar a shrinkflation é manter uma maior atenção no que está sendo comprado. Verificar o peso ou a quantidade dos produtos na embalagem, comparando-os com versões anteriores, pode ajudar a perceber o impacto dessa prática. Além disso, fazer uma comparação entre os preços por unidade de peso ou volume também é uma boa maneira de entender qual produto oferece mais valor por menos dinheiro.
Para refletir sobre o impacto no mercado
Embora a shrinkflation seja uma prática difícil de ser combatida diretamente, ela nos lembra de como é importante estar atento às dinâmicas de mercado. A educação sobre esses fenômenos e sobre a economia de consumo é fundamental para que todos possam tomar decisões mais informadas, priorizando o melhor custo-benefício Os consumidores têm um papel essencial de questionar o valor real do que estão comprando. Francisco Gonçalves Peres conclui que, ao longo do tempo, um pequeno aumento de preço por unidade de produto pode resultar em um impacto financeiro significativo.
Autor: Tuvok Nilo Saturn